quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Igualdade social


Não é verdade o dito popular de que pobre e rico se encontram no momento em que nascem e que morrem. As maternidades finas são silenciosas com médicos 30 horas de plantão, os partos são marcados 9 meses antes e os bebês já nascem cheirosos. Nos cemitérios de última geração que pra mim são shoppings com boullevard, a única coisa que não lhe são veiculados é a tristeza. Os caixões possuem muito mais madeira do que todas as camas que alguns menos favorecidos deitaram em toda a vida. Por outro lado, as maternidades e cemitérios públicos parecem um campo de batalha, onde se luta por leitos, lápides, pela mínima dignidade.
Já os engraçadinhos inspirados pelo velho guerreiro diriam que no trono somos todos iguais. Doce ilusão. Iorgutes, fibras, dieta balanceada ganham e muito em eficácia contra superstição, chás. Entretanto, acho graça que além disso as madames exijam silêncio.
O futebol durante muito tempo foi a minha aposta sobre o evento que representasse a igualdade social. Favorecidos ou não sofrem, pulam, comemoram da mesma forma. Enxergam jogadas da mesma maneira, mas enfrentam filas de formas antagônicas, tem acesso diferente ao espetáculo e aos membros coordenadores de seu time. A camisa de um é oficial e autografada, do outro, quando não velha e rasgada, é de esquina ou usada.
Ficou a dúvida, o que nos une nesse país de dimensão continental? O que a classe financeiramente dominante tem de interseção com a classe desprovida de renda? Na política a influência e o poder real de mudanças é restrito, educação e cultura não há nada digno de nota.
Fui encontrar a resposta quando já estava desanimado e triste. Resolvi escquecer a dúvida, sentei em um bar e pronto. Ao pedir minha habitual cerveja gelada encontrei o tesouro. Olhei em volta, observei um grupo de terno bebendo o mesmo líquido quase sagrado que um grupo descontraido com roupas sujas de tinta.
O copo normalmente é diferente, um é lagoinha, outro é desenvolvido para manter a homogenidade e temperatura. A marca é diferente, mas a cevada e o álcool em concentrações baixas sempre prevalecerá. A cerveja é a ponte que ligas as duas ilhas sociais. Em uma ilha há o whisky, os finos scott bar, com gelo e música estrangeira, na outra há a cachaça e torresmo nos sujos bares de rua com seus pandeiros desafinados, entretanto no meio exato e com mesmo grau de aceitação e invasão está o líquido de origem alemã que há muito tempo foi adotado e é enraizado pela cultura nacional. Um brinde a cerveja, único evento social capaz de unir patrão e empregado fora do horário de trabalho.
Thiago Albino

Um comentário:

Anônimo disse...

eu acho que a vida não se reflete em um copo de cerveja gelado mais eu acho que a parte de preconceito com rico e pobre raça ou religião não e correto simplificando não vou ser muito filosofica porque não sou nerdi mas essa parte de cerveja é uma porcaria.