domingo, 26 de julho de 2009

15/07/2009

As estrelas se ofuscaram
um apito contestado
ecoou pela cancha

Dias de glória abrem espaço
e a alegria de antes,
cede lugar ao sofrimento

A virada mais dolorosa
fez de nossa casa
o "silêncio ensurdecedor"

Guerreiros se ausentaram
Gladiadores choraram

No juri da nossa tristeza
três ou mais réus
Sem entender cantamos
e choramos

Na sentença injusta,
em que o apito é o martelo
somos nós os condenados
condenados por amarmos demais

Paulo Reis

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Corte de cabelo


Cada um com seus problemas, com seus amores, com sua família e com seu time do coração. O meu, como todos que me conhecem já sabem, é o Cruzeiro e junto com ele vem uma história longa de paixão, devoção, algumas tristezas, infinitas alegrias e é claro como bom amante do futebol, carrego algumas superstições.

Tudo começou na Copa do Brasil de 96, todos os jogos foram assistidos com a mesma camisa. Na Libertadores comprei minhas primeira bandeira e essa não saiu do meu lado um só instante em jogos importantes. Não sou nenhum pouco metódico, manias entram e saem de acordo com o campeonato, algumas ganham corpo, perduram por mais tempo e outras como parte do meu ser e pelos títulos do azul celestes ficam para sempre.

Libertadores 2009, time amadurecido da eliminação do ano anterior, pouco acreditado, mas ganhando vida a cada jogo. Logo na cara deu para ver onde chegaríamos, já no carnaval sonhava com Dubai. Nesses momentos apareceu a bendita, apareceu as superstições. A bandeira foi lavada em fevereiro e de tanto usada está encardida.

Todas as camisas oficiais que tenho foram presentes e por destino foram mantos de grandes títulos: 96-Copa do Brasil, presente da minha mãe; 97-Libertadores, presente da minha avó; 2003-Campeonato Brasileiro, presente de uma antiga namorada. O coração ficou apreensivo , não podia comprar a camisa, apesar de ser a mais bonita de todos os tempos. Chegou junho e com ele o sempre romântico dia dos namorados. Quanta expectativa e por fim a sacola da loja esportiva. Foi extremamente romântico e preciso. Juntando isso com o futebol de classe do Marquinhos Paraná não faltava nada ou quase nada.

No início da competição lembrei que em todos esses títulos citados meu cabelo estava grande. Não demorou muito e prometia para mim mesmo que a tesoura só seria visitada depois do título ou de uma improvável eliminação. Tudo em ordem, o cabelo cada dia mais feio, o Ramires cada vez mais rápido e o Kléber cada vez mais comportado.

Mas a mão que acaricia é a mesma que apedreja. Semifinal, quase lá, o cabelo já incomoda a todos, menos a mim e de repente, nada mais que de repente, surgi a formatura de direito da mãe da querida namorada. Sem poder argumentar sou convencido pelo afeto, pelo amor e com um pouco de razão ( aparecer na colação de grau com um namorado cabeludo despenteado não deve ser nada bom ) a deixar para trás toda expectativa, toda minha superstição, toda minha certeza de ser tricampeão.

A cada tesourada mais ansiedade surgia. As vésperas do jogo não consigo ficar parado. Tenho medo de ser o culpado da desclassificação, vou sentir enorme remorso e culpa. Apenas me resta torcer muito, muito mesmo, pelo Cruzeiro e para que toda essa crença futebolística seja uma bobagem de criança que devia ter acabado em 1996.

Thiago Franco Albino